Num jantar em casa com uma amiga surgiu uma pergunta que na altura respondi mas que me deixou a pensar.. A pergunta estava relacionada com uma escolha que fiz.
Como foi deixar tudo o que tinha?
Muitos me fizeram esta pergunta e a minha resposta sempre foi a mesma, foi muito difícil, foi a decisão mais difícil que tive de tomar desde que me conheço como gente. Mas desta vez fiquei a pensar no que tinha realmente deixado para trás e no que tinha conseguido dai para a frente. Quando me separei do meu antigo companheiro deixei tudo o que eu achava que era importante, a minha casa, as minhas coisas, a minha essência e a vida como eu a conhecia... Foi duro.
A dor da perda era tanta que parecia que o mundo ia cair ali mesmo, mas ainda assim tinha os meus amigos de longos anos, achava eu....
Pois, é até esses desapareceram.
De repente com trinta anos tinha ficado sozinha, sem casa, sem amigos.
Sempre me considerei uma pessoa razoavelmente forte, mas ter de suportar tantas perdas seguidas fez as suas mossas e eu fiquei de rastos, mas já que era para mudar, então mais valia fazer tudo de uma vez...
Passados dois anos posso afirmar com toda a certeza que foi a melhor decisão que alguma vez tomei na vida.
É certo que fiquei sem casa, e então, casas existem muitas e são apenas mais uma coisa que temos de ter. Todos nós temos necessidade de ter coisas, é verdade, mas o que nos destingue é o preço que estamos dispostos a pagar por elas, e eu já não queria pagar esse preço, não valia a pena deixar de acreditar em mim, anular tudo o que eu era para manter só mais uma coisa na minha vida.
Quanto aos meus amigos, esses perdi quase todos. Podem até dizer então não eram amigos. É verdade, mas eram as pessoas com quem eu estava todos os dias.... E custou tanto perder.
Estaria a ser injusta se não desse um obrigado aos poucos que ficaram desse outro tempo, dessa outra vida. Uma dessas pessoas é a minha melhor amiga, a Vanda, que conheço desde que nasci e que está sempre comigo, ao Sérgio (que é o marido da Vanda, e um dos grandes amigos do meu ex) por ter estado lá para mim, ao Pedro, por me ter ouvido.. e chega. De um grupo muito grande ficaram apenas os que valem a pena, aqueles com quem ainda hoje partilho a minha vida.
Quanto a minha essência, aquilo que eu era, isso demorou um pouco mais de tempo a recuperar. Quando resolvi mudar tive de redescobrir quem eu era, não do que gostava ou como gostava mas quem EU era. Numa relação mudamos sempre um pouco, e eu precisava de saber quanto tinha sido esse pouco... E descobri que tinha sido muito, e que não conhecia esta nova pessoa e mais grave, que não gostava nem um pouco dela.
Com a minha saída de casa aprendi que sou capaz de fazer as coisas por mim.
Aos trinta perdi tudo o que tinha e ganhei tudo o que tenho.
Hoje tenho uma relação que me satisfaz em pleno, e onde não existe a anulação de nada nem de ninguém.
Aos que foram surgindo na minha vida um obrigado por todo o apoio.
Desde que mudei até hoje não me arrependo de nada do que fiz, pois foi por mim que o fiz.
Como foi dito várias vezes durante um jantar " Always look on the bright side of life".
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Como foi deixar tudo o que tinha?
Publicada por carla à(s) 13:37
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12 comentários:
E eu estava lá :PPP É sempre de admirar a coragem de pessoas como tu miuda! É realmente de ficar boquiaberta...
***um MUAAHHH*** daqueles grandes e gordos :)
P.S. Se ficar em formação no seixal, vais ter que me aturar muitas vezes... Quero ir aquele bar todo marado de que me falaste :)
Não foi coragem, foi o medo de me perder que me fez mudar.
Terei todo o gosto em te aturar muitas vezes.
Claro que vamos aquele bar e a outros mais.
Jocas
E para isso não é preciso coragem??? Olha que é miuda, e muita :)
***MUAH***
Tens toda a razão em estar agradecida a esses teus poucos e verdadeiros amigos miga, mas... pessoalmente, doeu ler o que escreveste até porque eu estive lá durante o “primeiro acto” daquilo que, mais tarde, se viria a concretizar. E se não tive mais foi porque também tu me afastaste vivendo num mundo peculiar mas que não era de todo o teu. Foram muitas as razões e tu sabes. Uma junção de situações e coincidências que nos fez chorar uma para cada lado. Para além do sufoco em que eu própria estava, psicológica e fisicamente, pela situação pessoal em que me encontrava (UMA GRANDESSISSIMA ESTUPIDA, foi o que eu fui!), o ter sido "incriminada", durante esse mesmo “primeiro acto”, por uma coisa absolutamente espatafúrdia, também fez com tivesse receio que me fosse apontado novamente uma culpa que NUNCA teria porque, simplesmente te adorava como MINHA AMIGA que eras e, principalmente, porque sempre te respeitei.
E quando a Ineves diz: "Eu estava lá"... Para chegar a essa tua coragem, houve um caminho. Bom ou mau mas foram escolhas que fizeste. E muitas pessoas também te ajudaram nesse caminho e que agora sentem que afinal "não estavam lá". A vida não pode ser apagada a partir de uma data. Tudo de bom e de mau é o que nos faz andar para a frente. É o que nos escreve a história da nossa vida. Não, não é necessária muita coragem. É necessário que nos "obriguem a" e aí sim, o que fazer?! Segue-se em frente e descobre-se que afinal a vida era muito mais e que temos mais força do que imaginamos!
Precisamos de TUDO, de TODOS e às vezes...de NINGUÉM.
Beijo grande Crodete.
Creuza:
Quando a lneves diz que estava lá, refere-se ao jantar em questão, pois eu conheci-a já tinha saido de casa havia um tempo.
Tens razão em tudo o que escreves, apenas refiro aqueles amigos pois foram eles quem estiveram no momento mais critico, no entanto daquele tempo apenas voltei a falar com uma pessoa..CONTIGO
Peço desculpa Ineves, por ter entendido mal. De qualquer forma não houve qualquer critica em relação a ti. Não era esse o contexto, oki?
Quanto a tudo o resto Crodete...foi sentido o que disse. E como alguém, algures num blog, diz, "um blog serve para isto mesmo, dizermos o que nos vai na alma sem pudores, preconceitos ou medos...".
Beijocas GORDAS
Ó gente... Posso por a minha colherada? sim? Porreiro pá!!!
Em qualquer situação destas, muitas coisas se alteram. A vida muda radicalmente e quem vive estes momentos, vê-se obrigado a tomar decisões e a cortar amarras com o passado, quer seja ele bom ou mau. É uma espécie de Crescimento de ritual de passagem, em que somos obrigados a nos redescobrir e a nos redefinir.
Quando a vida estabiliza e nós conseguimos fazer uma análise fria desses tempos, estamos em condições de retomar alguns laços... No entanto, por vezes descobrimos que alguns desses laços já não estão disponíveis ou também mudaram e de uma forma que nós já não os reconhecemos...
Em suma, esta é a vida, que evolui e que nessa evolução nos tráz perdas e novas conquistas.
Só mais uma coisinha... Shora dona Carla... Não se esqueça que tem o jantar para fazer. Vá já para a cozinha... ai ai ai ai!!! ;)
Um beijo enamorado
Creuza...
Gosto de ti de todas as maneiras e feitios, com tudo e sem nada,e como já dizia uma música " é mais o que nos une do que aquilo que nos separa". Do nosso passado ficamos nós e espero que continuemos nós mesmo com todos os nossos defeitos.
Jocas
José Gil:
Jantar....
Cozinha...
Acho que li mal...
Eu nem sei fazer comer....
Beijos
AHAHAHAHAHAHAHAHAHA Nunca vi uma declaração tão romantica de alguém... "CARLA, JÀ PÁ COZINHA...!!!" Corre miuda, senão ainda levas na fronha... lolo e olha que ele deve ter mao pesada :PPPPPP
***MUAH***
P.S.: eu percebi que não tinhas percebido o contexto... Deixa la isso!!! :)
Realmente a shora dona Carla estragou o jantar todo... Deixou queimar tudo!!!
Mas eu nem tentei ser romântico. Se o fosse a declaração seria: Shora Dona Carla Vá já limpar o pó da sala!!! ;)
um beijo às 2
Pensamento do dia...
" Não acredites no que os teus olhos te dizem, porque te mostram apenas limitações. Serve-te da tua inteligência e observa, descobre o que já sabes e descobrirás uma maneira de voar."
F.C.P.
UUUIIII Temos poeta... LOL
***MUAH***
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